07 Mar O papel da mulher nas lojas de ferragens contemporâneas | Dia Internacional da Mulher
No dia 8 de março celebra-se o Dia Internacional da Mulher, data em que se comemora a luta das mulheres pela igualdade, empoderamento e participação da mulher em todos os âmbitos da sociedade. Atualmente, a incursão das mulheres no mundo da bricolagem é algo imparável. Cada vez são mais as que decidem aprender a realizar todas as tarefas enriquecedoras e artesanais que compõem esta atividade. Porque o facto de poder dedicar-se ao que uma pessoa ambiciona não é uma questão de género, mas sim de gostos e hobbies.
No mês da mulher queremos inspirar e exaltar a figura feminina. Por isso, desde a Cofan reunimos algumas das nossas fantásticas lojas de ferragens como Sandra Luna, Remedios e Patricia, assim como mulheres que pertencem à rede comercial, como a Susana, a Ana, a Carla e a Cinta, que exaltam o ser mulher num sector predominantemente masculino. Elas nos contarão em primeira mão os motivos pelos que celebrar o dia da mulher e a forma em que a mulher evolucionou dentro do âmbito das ferragens e abastecimento industrial.
Em continuação, deixamos-vos a entrevista que lhes realizamos:
Falando com donas de lojas de ferragens, porque o profissionalismo está por cima do género.
A nossa primeira pregunta para vós, dada a data a que nos acercamos, é: O que é para vós o Dia da Mulher?
Sandra (Ferragens Luna): Para mim é um momento para refletir sobre o que já conseguimos até ao dia de hoje e o que ainda nos falta por conseguir para chegar a um futuro melhor.
Remedios (Abastecimentos Montefrío): Para mim o dia da mulher sinceramente, é como um dia qualquer do ano. Não estou contra dita celebração, nem muito menos. Mas os direitos, a capacidade e a coragem da mulher, defende-se cada dia do ano.
Patricia (Carsal abastecimentos Industriais): Para mim o 8M dignifica que as mulheres somos as protagonistas da nossa propria história. Somos visiveis, empoderadas e sobre tudo capazes. Sonho com que as gerações dos meus filhos vejam e sintam a igualdade entre homens e mulheres como uma normalidade.
Aida (Ferragens Alicantina): Para mim, é um dia igual ao outro, não me reivindico nem me sinto mais ou menos que ninguém, sou como sou, nunca me senti ofendida ou discriminada por ser mulher nos empregos que já tive.
Foi difícil dedicar-vos ás ferragens pelo simples motivo de ser mulher? Que dificuldades encontrásteis?
Sandra: Sim, e mais começando tão jovem e inocente…No início costou-me muito que as pessoas confiassem em mim, tendo em conta que o 80% dos clientes são homens. Não acreditavam em mim, necessitavam uma segunda opinião para certificar-se se o estava a fazer bem ou mal.
Remedios: O meu caminho foi super difícil. É habitual que nas lojas de ferragens se veja refletido o papel masculino em todo o momento, mesmo que algumas vezes estas estejam gestionadas por um casal. Mas poucas vezes se viu uma mulher sozinha encarregada deste tipo de negócios. No meu caso é assim: eu administro sozinha e não só tive que batalhar sozinha o facto de ser mulher, mas também o de ser muito jovem, já que me encarreguei do negócio somente com 19 anos, sem experiência prévia e numa pequena povoação. Sobre tudo, o que mais encontrei foram comentários machistas: «isto é um negocio de homens, tu aqui aparentas pouco», «com o jovem que és, isto não é para ti», e «deixaram-te montar isto a ti sozinha ou é dos teus irmãos?» E também os tipicos comentários quando entrabam porta a dentro: «de certesa que não sabes o que te peço» «de certeza que sabes o que eu quero?» A verdade, é que no início tinha muita pouca experiência, mas com o tempo, essas preguntas e comentários, graças a deus, foram desparecendo e mudando para positivas.
Patricia: Embarquei nesse projeto pessoal do meu pai em 2004 e, sim, tem sido difícil para mim porque tive que demonstrar mais, e me esforçar ainda mais, para mostrar que sei de ferragens e que sou capaz de liderar um ofício que, antigamente, foi mais de homens. Havia machismo nos meus inicios, tanto com os cliente -que não queriam que os atende-se- como os fornecedores nas feiras, porque não se me dirigiam, ou porque não me viam com bons olhos que eu fosse a encarregada das compras.
Aida: O certo é que, quando comecei, sobre tudo os mais velhos que me pediam cópias de chaves, perguntavam-me se iria funcionar ou se estava o meu marido, mas cuando faziam duas ou três viagens e não o encontravam, no final quem as fazia era eu. Mas isto foi só no início. A verdade é que não tem sido difícil para mim, quando se faz o que se gosta e tem vontade, aguentam-se as situações e muitas delas terminam em gargalhadas.
Dificuldades que eu me lembre, nenhuma, mas alguma facilidade por ser mulher sim. Por exemplo, quando tenho que cortar corrente ou malha metálica, oferecem-se sempre para me ajudar e ao meu marido nunca.
Melhorou a situação com as novas gerações?
Sandra: Sim, bastante. Ainda á gente que continua a preguntar por o chefe, mas os cliente adaptaram-se bem.
Remedios: Esta pregunta a mim cai-me que nem pintada. Supostamente eu sou das novas gerações e a verdade é que não. Não melhorou nada do meu ponto de vista. Eu mesma tive muitos obstáculos na hora de abrir o negócio por conta própria. Tudo eram mas e contras. Não recebi nenhum tipo de ajuda ou subsídio, nem quando eu tinha 19 anos, nem quando foi meu primeiro negócio, nem nada. Nesse aspeto tive uma grande desilusão. Mas, ainda assim, fiz tudo o que pude. As novas gerações têm a vantagem e o “contra” das novas tecnologias. Hoje a grande maioria faz compras online e muitas vezes deixa de lado os pequenos negócios. Como não tenhas loja online ou não estejas no tema das redes sociais e tal, isso pode-te prejudicar, ou benificiarte se souberes usalas.
Patricia: Fomos melhorando as coisas. A multidão de mulheres que há agora no nosso setor e as novas mentalidades fazem com que essas coisas não aconteçam mais.
Aida: Sim, porque antigamente não havia tanta presença da mulher no setor das ferragens.
Achais que a mulher é reconhecida no setor das ferragens?
Sandra: Bem, também não vejo que nos tenham que fazer nenhum reconhecimento. Se mereço um reconhecimento, que seja pelo meu trabalho, mas não por ser mulher.
Remedios: A verdade é que a mulher tem um papel cada vez mais importante neste sector. É uma autentica maravilha poder ver a importancia e o mérito que cada vez se dá mais à mulher neste sector. Ao longo destes 5 anos que levo com a minha loja de ferragens, tive o prazer de ver e conhecer a muitas colegas de profissão, muito capazes e que sabem desenvolver-se na prefeição.
Patricia: Sim, acho que sim, que nossa luta, perseverança, esforço e, principalmente, nosso valor para nós que fazemos isso há anos está a ser cada vez mais reconhecido.
Aida: Sim, claro, pois a cada dia é mais comum ver mulheres dentro deste sector. E todos os anos há listas e vencedores de prêmios, como “melhor loja de ferragens do ano” “prémios ao comércio Facpyme ” ou “Xema Elorza “, etc.
O que lhe diría a uma mulher que quer os seu lugar neste setor?
Sandra: Que siga para a frente. Que não tenha medo, porque as mulheres podem com isto e muito mais.
Remedios: No começo vai ser difícil, mas depois a satisfação e o orgulho que sente ao perceber do que é capaz de fazer, tudo o que aprende todos os dias e como vai abrindo o seu caminho nesse setor, já não tão masculino, é um sentimento que faz valer a pena os maus momentos e as más experiências que podem acontecer pelo caminho.
Patricia: A mulher é capaz. Somos capazes de tudo e muito mais. E, se não, aqui nos têm para lhe dar a ajuda necessária.
Aida: O mesmo que um homem, não vejo a diferença. Primeiro, que goste do que faz, segundo que acredite nela mesma e que esteja segura do que faz. Nem sempre é vender, á que saber aconcelhar e que o cliente acredite em ti.
Por último, desde o vosso ponto de vista; Acreditais que a situação laboral nas lojas de ferragens evolucionou de tal forma que se adptam à figura femenina?
Sandra: Claro que sim. Há muitas mulheres a trabalhar em lojas de ferragens e muitas delas sendo as chefes. No final de contas, todo o mundo se adapta.
Remedios: Eu acho que sim. Mas é porque se dá cada vez mais oportunidades ao papel femenino em qualquer tipo de trabalho em geral. Integra-se cada vez mais. Mesmo assim, está claro que ainda falta caminho por percorrer para chegar a uma igualdade total. Mas tudo é uma questão de tempo e de constância para poder demonstrar que quem quer pode, sejas homem ou mulher, jóvem ou mais velho. Eu mesma, perante estes homens e comentários tão vulgares e machistas, pude demonstrar o que vale uma mulher numa loja de ferragens, transformando esses comentários em algo positivo: «venho a falar contigo, porque sei que me vai encontrar a solução”, “sei que tu me vais ajudar com o que necessito”. E sobre tudo, quando não estou ao balcão, porque estou no armazém e às vezes estão os meus irmãos mais velhos -pelos que tanto perguntavam no início-, ouço quando chegam os cliente e preguntão: «Onde está a menina? É melhor que me atenda ela». Isso é o bem maior do mundo para mim, porque o consegui com muito esforço, mas eu sabia que este dia, um dia ia chegar.
Patricia: Talvez. Suponho que sim, embora ache que antes de tudo procuram mais os homens. As mulheres demonstram ter muitas aptitudes e atitudes neste sector. Na minha loja de ferragens há diversidade, somos rapazes e raparigas. O trato e a conciliação familiar são os mesmos… E como somos uma pequena familia, mas uma grande equipa, procuramos ajudarmo-nos uns aos outros.
Aida: Eu acredito que sim, no meu caso tenho duas lojas, nas quais somos quatro raparigas e dois rapazes e acho que já digo tudo.
Conversando com a Rede Comercial do sector das ferragens e abastecimentos industriais.
Para vós, colegas da Rede Comercial, O que é o Dia Internacional da Mulher?
Susana: Para mim o Día da Mulher nunca foi um dia especial no meu calendário. Para mim foi um dia normal, apesar de que respeito todas aquelas pessoas que necessitam reivindicar esse dia e visualizar os problemas que continuam a existir. Mas para mim, a maneira de o fazer é trabalhar de tu a tu todos os dias do ano com os teus/as colegas, cliente e concorrência, rasgando os estéreotipos deste sector tão masculino.
Cinta: Para mim o Dia da Mulher, supõem um recordatório de que a mulher quer e deve ser tratada com igualdade, nos locais de trabalho e com as mesmas oportunidades. E não me refiro a fazer trabalhos tipicos de homem ou de mulher, senão de poder igualar o salário de ambos os sexos desempenhando o mesmo papel, o qual em alguns sectores não é bem assim.
Ana: Para mim é um dia a ter em conta, pelas mulheres, para ver onde chegamos e o que conseguimos ao longo destes últimos anos. Embora, a nível pessoal, é como qualquer outro dia de trabalho, já que é o que venho fazendo desde muito jovem.
Carla: O DIa Internacional da Mulher é uma oportunidade para relembrar as conquistas, graças á luta feminina e para mobilizar o apoio pelo trabalho ainda pendente pela promoção da igualdade de género.
Resultou-vos dificil ser comerciais pelo simples facto de ser mulher? Que dificuldades encontrásteis?
Susana: Olhando para tás, não tive problemas, mas porque acredito que não parei nos comentários, olhares, etc., que sobre tudo no início e inclusive hoje em dia, continua a haver. Sempre fiz ouvidos surdos e como se a coisa não fosse comigo. Eu tentei que me vissem mais como uma profissional do sector. E, ao dia de hoje, posso dizer que me fiz um lugar no sector e ganhei o respeito de cliente e concorrência. Mesmo assim, não seria justa se não disse-se que os problemas que possa ter tido, foram como uma minoria do sector. A grande maioria sempre foi muito respeituosa comigo e alegraram-se de que por fim, tinham uma mulher de comercial.
Cinta: Escolhi este trabalho de representante ou comercial, porque é dos poucos grémios em que o teu salário é medido pelos resultados, independentemente do sexo. E ainda, que hoje em dia á pessoas que pelo facto de ser mulher e pertencer a este, pensão que não sabes, cada vez o preconceito é menor. Porque simplesmente, estamos cada vez mais presente em todos os lados.
Ana: Acredito que tudo é uma questão de perserverança. No início custa mais. Isto é um mundo muito de homens e às vezes, acreditam que não sabem e que não tens conhecimento de produto por ser mulher. Inclusive, se lhe demonstramos o contrário, alguns também não o levam bem. Mas, afortunadamente, acontece cada vez menos. No entanto e sendo sincera, sobretudo os começos, são complicados e, sim, diria que dificeis.
Carla: As mulheres enfrentam-se a obstáculos e barreiras em muitos aspetos, nos quais se incluem a igualdade salarial e a promoção no lugar de trabalho. É importante abordar e superar estas desigualdades para conseguir uma sociedade verdadeiramente igualitária.
Melhorou a situação com as novas gerações?
Susana: Sendo sincera, não.
Ana: Acho que sim, que pouco a pouco vamos avançando e que as novas gerações vão vendo as coisas de outra forma.
Carla: A situação de igualdade de género, melhorou em alguns aspetos com as novas gerações, mas ainda á muito trabalho a ser feito.
Achais que a mulher é reconhecida no setor das ferragens e comercial?
Susana: Não, por desgraça continuo a ver mulheres com loja de ferragens, com um conhecimento incrível sobre os materiais que vendem e que o cliente não se fia do que lhe diz, preferindo preguntar a um funcionário homem. Inclusive quando é um casal, os comerciais intentam tratar com o homem. Por outro lado, desde o ponto de vista de uma comercial, posso-te falar do meu caso em concreto, porque realmente não há mulheres comerciais neste sector. Por exemplo, em Murcia somente somos duas comerciais no sector de ferragens, o resto são homens. E eu, como disse antes, sinto-me reconhecida por parte tanto da empresa como pelos cliente e concorrência.
Cinta: Pouco a pouco vão reconhecendo o nosso trabalho. Sim, é certo que alguns clientes mais fechados, custa-lhe mais a ver uma mulher neste grémio. Mas alegra-me saber que cada vez são menos.
Ana: Bem, eu diría que não é reconhecimento o que deve haver, se não normalizar o facto de que uma mulher pode ser comercial, ter uma loja de ferragens, ou o que quiera ser e realizaro seu trabalho exatamente igual que qualquer homem.
Carla: Em geral, o reconhecimento á mulher no sector comercial e das ferragens, pode variar de acordo com a região e a industria específica. Em alguns casos, as mulheres conseguiram avanços significativos e ocupam postos de liderança neste setor, enquanto que noutros, podem enfrentar barreiras para a promoção e para a igualdade salarial.
O que lhe diría a uma mulher que quer os seu lugar neste setor?
Susana: Que não duvide e que o faça. Os entraves, muitas das vezes somos nós que os pomos a nós mesmas. Já dizendo que este sector é um mundo de homens, somos nós as que temos que mudar essa visão, e não lhe por género, mas sim, mais um trabalho como outro qualquer, pelo qual tens que te formar e lutar para fazer o teu lugar. E afastar-te dessas pessoas que como comentas-te antes, que pensão porque somos mulheres não estamos o fuficientemente preparadas para desempenhar esse trabalho. O problema é deles, não nosso. Se conseguirmos ser cada vez mais neste sector, no final vão nos ver como realmente somos: profissionais do sector das ferragens.
Cinta: Primeiro tem que gostar distoe que seja profissional, porque aquí esta-se sempre a aprender. Que estamos rodeados maioritariamente pelo sexo masculino, sim, mas com assertividade e confiança tudo se consegue. E que nos apoiemos umas às outras. Que todas sabemos que não é fácil estar e manter-se ao longo dos anos. Que o reconhecimento já virá e que, sobretudo, temos que acreditar em nós sempre, assim como rodear-se de companheiros/as que sumem.
Ana: Que querer é poder e que com constância e vontade, tudo se pode fazer.
Carla: Necesita conhecimento. Que se assegure de estar bem informada sobre o sector, as tendências e as oportunidades de crescimento.
- Que faça networking: participa em eventos e encontros relacionados com o sector, para establecer contactos e ampliar a tua red profissional.
- Que tenha uma formação continua: seja proactiva mna melhoría das suas habilidades e conhecimento para estar preparada para novos desafios e oportunidades.
- Que tenha confiança: que acredite em si mesma e nas suas habilidades. A confiança é um factor chave para o sucesso em qualquer campo.
- Y sobre tudo, que não desista: pode hever obstáculos e desafios, mas que não desanime. Seja preserverante e que siga a diante. Relembre que cada pessoa tem o seu próprio caminho e o seu próprio ritmo, mas se está dedicada e apaixonada pelo sector, pode conseguir os seus objetivos. A igualdade de género é um direito humanoe é importante trabalhar para abordar e superar qualquer barreira que exista para assegurar que todas as pessoas tenham igualdade de oportunidadesno seu lugar de trabalho.
Por último, desde o vosso ponto de vista; Acreditais que a situação laboral nas lojas de ferragens evolucionou de tal forma que se adptam à figura femenina?
Susana: Melhorou alguma coisa em relação a quando eu comecei ha 18 anos, e vejo cada vez mais mulheres a colocar-se em frente de uma loja de ferragens ou a trabalhar nela. Mas a proporção ainda é muito baixa. Por isso, acredito que a evolução não esteja tão visível como em outros sectores.
Ana: Acredito, apesar de irmos pouco a pouco, cada vez há mais mulheres que trabalham e gerem lojas de ferragens, já que, como já disse anteriormente, temos a mesma capacidade, ou mais, que pode ter um homem. Esperemos que sigamos assim e que siga evolucionando.
Carla: Posso dizer que a situação laboral nas lojas de ferragens, melhorou bastante em benefício da figura feminina. É certo que cada vez mais mulheres trabalham neste sector das ferragense que algumas lojas de ferragens estão a tomar medidas para fomentar um ambiente de trabalho inclusivo e equitativo.
Desde a Cofan, convidamos-os a que celebrem o Dia Internacional da Mulher e que ajudem as mulheres cada dia a conseguir uma sociedade mais igualitária e respeituosa. Elas também merecem pertencer e crescer no sector das ferragens e do abstecimento industrial.
Feliz Dia Internacional Da Mulher!
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